Esta crônica está manuscrita há um bom tempo e teve várias denominações, mas optei pela que ostenta, porque certamente já fui esquecido bem mais do que duas vezes.
Por inúmeros motivos precisei ir a Santiago, no Chile, e a viagem foi muito proveitosa.
Em São Paulo, no aeroporto, logo que cheguei, percebi que uma conhecida terminava de fazer o check in, e caminhou na minha direção, mas não para encontrar-se comigo.
Olhou-me, mas não me reconheceu (esqueceu-se de mim), aliás, fazia mais de um ano que não nos víamos. Interessante que nós nos conhecemos em Paris, há mais de 10 anos. Eu e outras pessoas estivemos no apartamento dela e depois saímos para jantar.
Posteriormente nos encontramos profissionalmente várias vezes em São Paulo. Mas, … eu envelheci e ela também.
Bom, vamos a Santiago.
Já havia estado lá, no século passado, com minha então mulher e minhas filhas, ainda todas solteiras.
Hospedamo-nos em um hotel de rede internacional e conhecida, e que, por isso, esperávamos que fosse bom.
Em região central o hotel era uma porcaria, com exceção do desayuno, que era bem apetitoso, mas as instalações eram péssimas, tanto que o apelidei de “espelunquer”, e o apelido ainda permanece quando nos lembramos de algo de lá ou fazemos alguma comparação.
Desta vez, estava só, numa excelente rede de hotel e esperava alguns amigos. Cheguei um dia antes e retornei um dia antes de todos.
Resolvi utilizar o meio rápido de transporte que é o metro e, de fato, foi muito bom, muita gente, rápido e limpo.
Percebi algo interessante que me fez lembrar da minha adolescência, lá na grande Taubaté. As pessoas chegavam da rua e entravam nas estações do metro, mas não deixavam de usar o “raybam” (óculos escuros ou óculos de sol). Isto é, usavam na rua para proteger os olhos do sol, mas continuavam a usa-los mesmo na área subterrânea e dentro do trem.
Meu primeiro “raybam” comprei usado de um conhecido, que agora não lembro o nome dele, mas me lembro somente que o pai dele tinha uma “lojinha” em uma rua comercial, perto do mercado. Como dizíamos “era turco”.
O conhecido comprou os óculos em uma banca no mercado, usou alguns dias e não gostou. Comprei, usei pouco e não me recordo o destino que dei a eles.
Vi um brasileirinho típico (cabelos loiros ou louros, olhos azuis e pele claríssima) que pegou o “raybam” da mãe e começou a usa-lo. Só apareciam os óculos, nada mais. Sua carinha desapareceu.
Fui ao mercado de Santiago, porque como dizia o senhor DV, quando se vai a uma cidade deve-se conhecer o mercado, porque é lá que se conhecem as pessoas e a cidade.
É certo que o mercado de Santiago é bem turístico, mas conhece-lo foi bom. Em um dos restaurantes foi me oferecido o “prato do dia” o “centofolly” (pesquisei no senhor Google), que devorei acompanhado de uma boa garrafa de “chardonay” chileno.
Fotografei e enviei ao Chef Watanabe, com o intuito provocativo e também para aguçar seu apetite.
Como eu estava só, todos se esqueceram de mim. Não trouxeram minha conta, os cantores não me pediram moedas, a vendedora de flores não veio até mim, o vendedor de brinquedo nem me olhou; enfim eu não estava lá. Eu não representava cifrão.
Na rua da bela cidade os “carabineiros do Chile” estavam devidamente postados em todos os lugares. Ruas, praças, avenidas e calçadões. Devidamente fardados, transmitiam muita segurança. Não eram dois, três ou dez, eram muitos.
Mas, nem tudo foi bom.
Quando cheguei, e olha que não sou marinheiro de primeira viagem, acompanhei um “taxista”. Muito educado me acompanhou até o lado de fora do aeroporto. Outra pessoa trouxe o carro e ele indicou o hotel. Ele ficou eu continuei com o motorista, momento em que a “ficha caiu”. Não era taxi regularizado.
A orelha cresceu. A raiva surgiu, mas fazer o que? Resultado: Paguei o dobro do preço.
Bom, no hotel, ao final do primeiro dia rascunhei esta crônica e depois minha estadia continuou com os amigos e amigas que chegaram.
Até mais.