DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO
Quando se tem contato com o poema “Morte e vida severina” do poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto, esse pernambucano que ganhou o mundo através da sua poesia nos coloca frente a frente com a dureza da vida do homem do sertão do nordeste que sai em busca da felicidade na migração para a beira mar.
Na trajetória o protagonista Severino se apresenta logo no início mas para dizer que antes de ser único, sua história é a de muitos Severinos que existem nos sertões e com a mesma sina.
Aqui, neste poema se revelam os direitos que são negados ao Severino, desde o direito à vida, pois muitos Severinos nem mesmo chegam a nascer por força das péssimas condições de vida. Da mesma forma são negadas as condições de uma vida digna, como o acesso aos bens mínimos como saúde, educação e segurança.
A secura do poema cabralino não é diferente da situação que atinge milhões de pessoas em nosso país sem acesso aos mais básicos direitos.
A questão não é apenas social, ela também impacta a economia nacional e o desenvolvimento do país. Conceder direitos básicos como educação e saúde é na prática garantir que essas pessoas possam ingressar no mercado de trabalho e possam honestamente contribuir para a riqueza nacional.
Os direitos fundamentais não são enfeites de uma árvore de natal. Na verdade, os direitos fundamentais são aqueles que sem o respeito a eles, não podemos ser considerados se quer um pais civilizado, menos ainda desenvolvido e não podemos exigir que os demais nos considerem como tal.
O reconhecimento aos direitos fundamentais deve existir no processo educativo que se inicia na família, passa pela escola e o Estado apenas cumpre as normas constitucionais que tratam da questão. Nada porém é mais importante que se eduque a criança e o jovem para uma cultura de respeito aos direitos fundamentais.
Assim, a morte não será a única esperança de tantos severinos na vida.