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E O CARNAVAL PASSOU!

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Estava à toa na vida e o meu amor me chamou pra ver a banda passar…, pra ver o carnaval passar, e passou.

         Carnaval é tempo de reflexão para uns e de folia para muitos outros, e até se justifica um pouquinho de permissividade por alguns dias. Nada que seja comprometedor, evidente.

         Agora o ano começou de verdade, por isso já é permitido lembrar de alguns carnavais ou lembrar de acontecimentos carnavalescos.

         Nosso carnaval é só nosso e não existe outro igual. O carnaval de Nice ou o Carnaval de Veneza não combinam com a gente, são desfiles, máscaras e bailes, nada mais. O nosso é outra coisa, é mesmo a festa da carne, a festa da folia.

         Basta assistirmos os desfiles seja no Rio de Janeiro ou em São Paulo, e também a festa no Nordeste, para chegarmos à conclusão que é uma loucura só.

         Sei de uma história de alguns jovens entre 18 e 20 anos de idade, em uma cidade do interior, já há alguns anos, que após o término do baile de carnaval resolveram ficar escondidos dentro do clube. Esperaram todos irem embora, o clube esvaziou.

         O dia amanheceu e o sol de fevereiro surgiu com toda força, claridade e muito calor.

         Os jovens tiraram as fantasias, ficaram somente de cuecas, mergulharam na piscina onde bagunçaram tranquilamente.

         Passado o tempo começaram a chegar os empregados do clube para a limpeza e arrumação, porque, à tarde haveria matinê.

         Começaram a correr, pularam a grade da piscina e vestiram a fantasia novamente, a fim de não serem flagrados, porque como punição, talvez, não pudessem comparecer a última noite de carnaval, a terça-feira.

         Chegou a ser engraçado porque alguns quase que chegaram somente de cuecas na rua, mas no final tudo saiu bem. Saíram e a noite novamente o carnaval rolou para eles, até a quarta-feira de cinzas.

         Lembro-me também das matinês, nas quais os pais compareciam e comparecem até hoje para levar suas filhas e filhos com as mais variadas fantasias, para o fim de levantarem o troféu de primeiro lugar. O bloco mais bonito. A fantasia mais linda. O garoto mais folião.

         Desde que fosse o primeiro lugar tudo ótimo.

         Eles, mais exacerbadamente as mães, parecem que introjetam no corpo e mente dos pequenos e desfilam mentalmente, lutando para porem as mãos no troféu.

         As crianças, em regra sentam no chão, jogam confetes e serpentina, correm uma atrás das outras, e não estão nem aí. Reclamam das dores que as fantasias causam, mas se divertem.

         As mães nervosas xingam as crianças para não estragarem a fantasia, afinal, desde o carnaval passado sonham com o primeiro lugar.

         Se conseguem o troféu perseguido, que depois de alguns anos, ninguém sabe onde está, tudo bem. Minha filha estava linda, o bloco de coelhinha era mesmo o melhor. Ah! Como sou boa carnavalesca, como sei desenhar uma bela fantasia.

         Mas, se o resultado é outro, basta ficar em segundo lugar, que tudo está errado.

         Foi roubado. Também aquela jurada é parenta da tia da sobrinha, do cunhado da empregada da mãe da menina que ganhou em primeiro lugar.

         Pudera, as meninas do bloquinho mixuruca são amigas da filha do Presidente do Clube.

         Vamos embora e não vamos mais participar de nenhum concurso.

         O ano passa e lá está a família de novo. Todos mais velhos, novas fantasias, mais crianças e tudo se repetindo de novo.

         Tenho ou não tenho razão?

         Não é crítica, é constatação. É diversão de carnaval.

         Tudo isto é muito bom. É bom levar os filhos para a matinê de carnaval, é bom torcer e sair alegre por que venceram, é bom ensinar os filhos que na vida nem sempre a gente ganha, que é preciso persistir, lutar e entender que assim é a vida. No carnaval também se aprende e se ensina.

         Os filhos crescem e já não os levamos mais para o carnaval, agora eles vão sozinhos, e muitos de nós, ficamos a lembrar dos bons carnavais, dos troféus e das vezes em que o concurso foi roubado.

         Neste momento estou lembrando destes e de outros carnavais e é muito bom. Muita alegria, muita diversão, muita vida.

         Hoje minha mensagem final é, vamos começar o ano, vamos lembrar dos bons carnavais e nos preparar para o próximo, que deve ser daqui há menos de um ano.

         Até!

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