Familiares e amigos do jovem Elvis de Jesus Cavalcante, de 23 anos, participaram de um manifesto na ultima sexta-feira, 31 de outubro, embaixo da ponte da Orlinha do bairro Industrial. O jovem foi homenageado em um painel pintado pelo artista Feik, morador do próprio bairro Industrial.
O ato foi idealizado pelo poeta Araripe Coutinho que na oportunidade declamou três poemas de Fernando Pessoa e interpretou performaticamente três músicas de Ney Matogrosso, deitado num recamier. Foi lido ainda um manifesto contra os jovens mortos na Periferia de Aracaju e serve para chamar atenção das autoridades e da sociedade em geral.
Para o poeta Araripe Coutinho, o ato é contra a violência e em favor de todos os jovens mortos no estado e para que os crimes não fiquem impunes. “São jovens assassinados diariamente, na Terra Dura, Manoel Preto e a cada dia recebemos mensagem de que o filho de algum conhecido foi assassinado. Ah ele usa droga e daí? Tinha que levar um tiro na cabeça?.
A sociedade não oferece emprego ao jovem, bibliotecas, internet de graça, praças que tenha restaurante. O poder público está completamente ausente e não sei porque o delegado não mandou prender os dois meliantes que deram um tiro no garoto”, conta.
Segundo Araripe, ele teve a ideia após ver seu filho chegar em casa chorando pela morte do amigo, vítima de latrocínio. “Aqui quase todo dia um jovem morre, este ano foram pelo menos dez assassinados. O Bairro Industrial está bem melhor, mas aqui é uma área crítica. Parece que não enxergam o ser, o ser humano, tanto é que a maioria dos jovens assassinados são negros e desempregados. Nós perdemos a identidade humana, de inclusão desses jovens, e lamentavelmente a polícia acha isso comum”, opinou o poeta Araripe Coutinho.
A ação também contou com a presença da Banda Comunicativa, Moziah, Deon Diven, Anderson Kundele, Soyan, Faike Erê.