Assim dizia o poeta ARARIPE COUTINHO
Morrer é tão pouco
Morrer é tão pouco
Diante do amor.
Dê-me um rio, Senhor,
De margens difusas
Como a vida
Um rio de sombras
Como o amor.
Morrer é tão pouco.
Destruo a âncora
E já não peço salvação alguma
Luzimos calcinados
Na noite alta, trêmula.
Ainda que eu te diga
O meu nome
Já sabes.
Pousada sobre nós
Ária e seu destino
De sangue.
A invenção da morte
Não abre as portas do paraíso
Não blinda a dor.
Tangido de alguns versos
Vou moendo a paisagem
Do átrio derramada de heras.
Não me abstenho de Deus
Um só momento.
Dentro de mim um antiquário
Uns budas de ouro, algumas tochas.
A faca não corta o que dói.
Deus me ama. Mas a ferida continua aberta.
Vou me render.
O exército sempre à espreita.
Poema extraído do Livro: Do Abismo do Tempo – *ARARIPE COUTINHO
*Poeta, autor de 13 livros e jornalista DRT 982/SE
“E triste de nós se na nossa hora de ir não tivermos a graça de termos um sentido.”
Araripe Coutinho
AMIGO,
SENTIREI SAUDADES DESSE SORRISO.
Comemorando o aniversário do Poeta, em 17-12-2013
Histórico
Araripe nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de dezembro de 1968 e se mudou para Aracaju em 1979. Em 2009, o poeta lançou uma coletânea comemorando os seus 20 anos de carreira e reuniu personalidades, autoridades e admiradores em uma festa na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Aracaju. Ele estudou lançou 13 livros, se formou em Letras, também atuava como jornalista e era membro do Movimento de Apoio Cultural da Academia Sergipana de Letras.“Eu não deveria ter nascido. Quando vi, estava eu aqui, meio lama no imenso mundo retratado, cheio de quadrúpedes rondando a minha sala. Pedi para voltar. Gritei muito, antes de ouvir uma voz dizendo: desça e arrase!”, recitou Araripe no lançamento do livro ‘Obra Poética Reunida’.
Polêmica
Em 2011, uma série de fotos feita por Araripe em um museu de Sergipe provocou polêmica. Ele foi fotografado seminu no Palácio Olímpio Campos que foi sede do governo estadual e hoje é patrimônio histórico. As fotos ilustram um livro que ele lançou em 2010, mas a repercussão foi no ano seguinte após as imagens vazaram na internet e ficaram entre os assuntos mais comentados em uma rede social.
Nas mensagens, os internautas mostraram que reagiram com espanto e bom humor. Como na maioria dos museus, as fotos são proibidas. O visitante pode registrar apenas a fachada e a entrada do palácio. “A vontade não foi macular o local, foi levar a arte. Traduzir algo novo, para que as pessoas pudessem se repensar e repensar a poesia”, disse ele na época.
Segundo o poeta, as fotos foram tiradas enquanto o museu estava fechado para reforma. “Entrei pelo fundo, naturalmente, como sou uma pessoa já conhecida não houve nenhum motivo, até porque as pessoas não sabiam que eu ia fazer nenhuma foto sensual. Entrei naturalmente, tirei as fotos, uma coisa de 10 ou 12 minutos. As fotos ficaram lindas, profissionais, artísticas.”Araripe participou do Programa do Jô, na Rede Globo, em seguida e falou sobre a polêmica.