Não há passeio melhor do que uma turnê de carro, sem muita pressa, pelo belíssimo e surpreendente território brasileiro. Não importa a origem da viagem, o mais gostoso é ter o privilégio de conhecer de perto e apreciar as belezas naturais de toda a rota escolhida. Eu, por exemplo, saí de Palmas, capital do Tocantins, juntamente com minha família e outros amigos, rumo à Maceió, Alagoas, em dois automóveis. Um pequeno trecho da estrada não está bem conservada, mais precisamente entre a cidade de Almas, Tocantins, até Luiz Eduardo Magalhães na Bahia. Porém, a visão da paisagem supera o desafio. O circuito da soja e o vale da Serra da Garganta nas proximidades de Dianópolis são observações recomendáveis.
No trecho de Barreiras até Feira de Santana a vegetação predominante é a caatinga. Mas o percurso é fantástico. Atravessar o Velho Chico é entrar direto na história deste rio que tem uma importância sem limites para o Brasil. Milhares de famílias têm sobrevivido às custas de seu leito e do transporte de suas riquezas, seja sub ou sob suas águas.
Siga em frente e logo chegará em Lençóis, Bahia. Clima gostoso, vista surpreendente e pousadas altamente preparadas para receber os visitantes. Após uma noite de descanso, energias renovadas, o negócio é pegar a estrada rumo à Feira de Santana. Para quem está querendo pegar logo uma praia, vá em frente até Salvador. São apenas 100 quilômetros de pista dupla e dois pedágios. Matou a saudade do mar? Então siga para o litoral norte da capital baiana e pegue a Estrada do Côco ou Linha Verde, como preferir, já que é a mesma coisa. Passe por Arembepe, Praia do Forte (conheça o projeto de preservação das tartarugas marinhas) e a Costa do Sauípe, mas sem esquecer de abastecer o automóvel. O trajeto até chegar em Estância, Sergipe, não possui posto de abastecimento. Em compensaçao, é só beleza, lindas praias e belíssimos resorts.
MACEIÓ
Como nosso destino é Maceió, então vamos seguir a BR-101, que está sendo duplicada. Se quiser dar uma chegada em Aracaju, não pode deixar de visitar a praia de Atalaia. Neste percurso também é aconselhável dar uma paradinha na cidade de Propriá, Sergipe, onde novamente se depara com o velho e lindo rio São Francisco. Outra opção é entrar em território alagoano pela bela e histórica cidade de Penedo através da travessia de balsa sobre as águas do Velho Chico. Na chegada a Maceió, obrigatoriamente temos que passar pela Barra de São Miguel, conhecer o Rio Niquim e, em seguida a badalada praia do Francês, que, aliás, fica no Município de Marechal Deodoro. Mas não estamos aqui para delimitar território, nosso negócio é promover e apresentar as nossas belezas naturais para os brasileiros e para o mundo, respeitando sempre o meio ambiente, esta riqueza que nenhum outro país soube preservar.
Pronto, estamos em Maceió. Opções de hospedagens são várias. Hotéis, pousadas, aluguel de casas e apartamentos para temporada, e por aí vai. A escolha é livre e de acordo com sua preferência. Mas, neste período de alta estação, o aconselhável é fazer a reserva com antecedência. O “Destino Maceió” é muito procurado, exatamente pela maravilhosa orla que possui. Na hora do almoço, descubra um dos vários restaurantes às margens do Canal de Massaguera. Lá você escolhe o prato que deseja – sugerimos frutos do mar –, paisagem exuberante, preços compatíveis e atendimento especial. Na saída dê uma paradinha nas barracas ao longo da pista e escolha uma cocada de acordo com seu paladar. Em seguida, conheça o Pontal da Barra e os artesanatos da localidade. No centro da cidade, pouco apresentado, mas muito interessante, encontre o Mercado da Produção e o Mercado do Artesanato, um ao lado do outro. Nesses estabelecimentos, os preços são sugestivos para quem quer levar lembranças de Alagoas.
Um pouco adiante, já em Pajuçara, tudo é novidade. A praia é linda, o visual é diferente. Muitas jangadas levam até as piscinas naturais. Vale a pena conhecê-las. Logo a frente vem a Ponta Verde, Jatiúca, Jacarecica, Paripueira, Sonho Verde e Riacho Doce. Antes de chegar à Barra de Santo Antônio, litoral norte alagoano, se tiver oportunidade, conheça as instalações da AABB, onde o associado e convidados poderão desfrutar de banho de água doce, banho de mar, ou piscinas, tudo num só ambiente. Muito aconchegante. Se não estiver satisfeito, então siga em frente e vá até Maragogi, na divisa com o Estado de Pernambuco. São só 125 quilômetros, para quem andou mais de 2 mil para chegar a Maceió, isso não representa quase nada. A paisagem do local recompensa. Vai por mim.
DE VOLTA PRA CASA
Ufa! Agora chegou a hora de voltar. Se não quiser passar pela mesma rota, desça até Salvador, pegue o Ferry Boat, rumo à Ilha de Itaparica. Chegue cedo. Neste período de férias a fila da travessia é grande. Mas sem stress, afinal estamos na Bahia. Curta a vista de Salvador, Mercado Modelo, Elevador Lacerda, Cidade Alta… Tudo de bom. Desça o litoral Sul da Bahia pela Costa do Dendê, conheça Nazaré das Farinhas, Valença e chegue em Ilhéus. Conheça o restaurante Vesúvio, imortalizado por Jorge Amado. Tome o chocolate mais puro da região e visite o Mercado do Artesanato. De acordo com sua disponibilidade de tempo, conheça a barraca Gabriela, localizada na parte Sul de Ilhéus.
Desça uma pouco mais e chegue em Olivença. Lá recomendamos a Pousada Brisa Mar. O gerente Luciano é uma figura fantástica. Mineiro de Diamantina e de conversa agradável. Para associados da Abrajet, um desconto especial. Lá você tem restaurante à beira mar, praia exclusiva da pousada e chalés com compartimentos para duas famílias distintas – uma novidade que poderá baratear sua estadia. Siga em frente pela Costa do Cacau e chegue em Porto Seguro. Curta bastante Arraial D’Ajuda, antes de pegar novamente a estrada de volta a Palmas.
Nesta rota, passe por Vitória da Conquista e Brumado. Se possível, dê uma paradinha em Bom Jesus da Lapa, visite a gruta milagrosa e agradeça ao Senhor pela excelente viagem e pela oportunidade de ter nascido neste lindo país.
Chegamos novamente em Palmas, coração do Brasil. Com certeza a nossa pérola, onde vivem os girassóis. A natureza respeitada à fio. Aqui nascem dunas e nem é beira de mar. Vem pro Norte! “Nóis” é Jeca “mais” é joia. Um lugar como esse? Ah, seu moço! Não tem. É, pois é. É isso aí.
Belmiro Gregório é jornalista e vice-presidente da Abrajet-Nacional
(Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo – Seção Tocantins).