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PERSONAGENS DO PARQUE

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Voltei!

Primeiro foi o “site” da querida Miriam Petrone que ficou algum tempo sem atualização por motivo justo, depois eu me ausentei por algum tempo, também por motivo justificável, mas hoje retorno a esta atividade que muito me agrada.

Vamos lá.

Com alguma frequência caminho no Parque da Aclimação, local bonito, bem cuidado e agradável, aqui em São Paulo.

Alguns meses atrás a conhecida Vejinha publicou matéria sobre os parques da cidade de São Paulo, e como leitor assíduo procurei muito pelo Parque da Aclimação, mas nenhuma linha. Esqueceram-se do parque que não poderiam ter esquecido.

Bem, nas minhas caminhadas, vou prestando atenção nas pessoas. Algumas percebo, involuntariamente, e outras olho para de fato perceber.

Vejo personagens diversos. Pessoas só, em duplas, em trio e até em grupos.

Ouço trechos de conversas sérias, fofocas, reclamações sobre comportamento do filho, da filha, do marido, da mulher, e, é lógico, reclamações do chefe. Também ouço indicação de locais para viagens, de lojas dos mais variados tipos, de farmácias, ou seja, escuto as mais variadas espécies de conversas.

Anotei alguns personagens que passo a relatar.

Havia um senhor, bem idoso, mas que caminhava com certa rapidez, para a idade que aparentava. Vestia calça apropriada e camiseta, da mesma cor, amarelo canário. O par de tênis que calçava era amarelo canário, também.

Pele bem branca e cabelos totalmente brancos.

E o boné que usava. Adivinhem a cor. Não. Não era amarelo canário, era preto.

Imaginaram. Chamava atenção.

Um outro senhor, alto, porte atlético, caminhava de calça apropriada, mas sem camiseta. Por que sem camiseta? O calor. Não. As tatuagens.

Tinha algumas tatuagens no peito, nas costas e nos braços. Nada contra, mas se não tirasse a camiseta, como as pessoas iriam ver os desenhos no seu corpo.

Tem uma moça lá, apaixonada por Direito Eleitoral. Sempre ouço seus comentários, e é bom, porque acabo aprendendo, me atualizando ouvindo situações interessantes.

Mas, uma pessoa que mais me chamou a atenção, foi um homem que percebi em dois dias seguidos.

Estas observações sãos feitas entre 6 e 7 horas ou 7 e 8 horas da manhã. É muito bom para começar o dia.

Percebi este homem, com idade por volta de 45 anos, calçando tênis, trajando calça moletom e camisa “esporte fino”, isto é, mangas curtas, colarinho e bolso.

Utilizava fone de ouvidos e se comunicava como se estivesse dentro de sua casa. Fazia a caminhada em sentido contrário a 99% das pessoas. Conversava com um, acabava a conversa e já engatava outra com pessoa diversa.

Não enxergava ninguém, sempre na mesma passada e falando a um tom que todos ouvem, e ele parecia não se incomodar o mínimo.

– Oi, tudo bem?

– Melhor na quarta pista.

Na outra volta.

– Eu já lhe avisei.

– Desta vez vai dar certo.

Para mim ele estava conversando sobre corrida de cavalo e fazia sua sugestão.

Na outra volta.

– Eu disse para ela, assim não vai dar.

– É coisa da amiga dela.

Acho que era alguma fofoca.

No outro dia o vejo novamente, com o mesmo tipo de roupa.

– O que eu posso?

– Não posso oferecer nada para ela.

Deveria estar com receio de iniciar um relacionamento e nada poder oferecer. Sei lá!

É muito interessante, mas como já escrevi em meu livro “ Paris, toujours, Paris!”, não estou livre de ser um personagem de outras histórias também. Por que ele vem sempre no mesmo horário? Olha a barriga. É por isso que não corre, e sei lá mais o que.

É isto, percebam, porque estamos sendo percebidos.

Abraços.

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