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HISTÓRIAS DE RICO

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Em alguma crônica já contei uma passagem do senhor H, que sendo titular de uma grande incorporadora, tem o hábito de dirigir seu carro, andar a pé pelas ruas, dispensando seguranças e até se arriscando.

Contei que certa vez foi aparar o cabelo em salão próximo a sua residência e decidiu ir com seu luxuoso carro. Ao chegar segurança aproximou-se e disse: – Pode parar o carro no estacionamento porque a noiva está atrasada. O senhor H nada disse e estacionou onde lhe foi indicado. Não sabemos o que aconteceu quando o motorista da noiva chegou.

Agora, mais duas histórias que soube no início do ano. Mas antes é bom dizer que meu amigo não tem o hábito de andar com dinheiro no bolso, isto porque dificilmente está em posição de mortal que precisa de um trocado.

Senhor H já foi sócio de Banco, isso mesmo, foi banqueiro, de um daqueles que foi incorporado.

Certa vez, há quase 20 anos, ele retornava de São Paulo para sua casa em município próximo, e resolveu parar em um grande supermercado na marginal Tiete.

Junto com seu motorista, fez a compra que precisava, lotando um carrinho e foi para o caixa.

Informado sobre o valor, sacou um talão de cheques, preencheu e entregou à moça que lhe disse: – Só aceitamos cheque especial. É isso mesmo, o banqueiro não tinha cheque especial, dá para acreditar? Mas é verdade!

Diante da situação o bom motorista disse: – Senhor H eu tenho um cheque especial e posso pagar a conta, mas chegando lá o senhor tem que depositar, porque não tenho todo esse dinheiro. Respondeu o senhor H: – Tá bom.

A moça do caixa, com um afastamento do banqueiro perguntou ao motorista: – O que o senhor é dele? – Sou motorista. – Ele não tem cheque especial e o senhor tem? – É eu tenho, e o pior é que ele é o dono do Banco.

A mocinha não sabia se acreditava ou não, mas ficou um tanto sem graça.

Este é um causo verdadeiro.

O outro é o seguinte.

Certo final de tarde senhor H teve uma infecção ocular. Foi até o oftalmologista (me disseram que não deve mais falar oculista) e foi atendido resolvendo o problema. – Quanto é a consulta? – Acerte com a secretária lá fora. – Tá bom. Sabendo o valor, disse: – Moça não tenho dinheiro, vou para o meu escritório e mando hoje ou amanhã cedo. Tudo bem? – Certo. Afinal o senhor H é bem conhecido na sua cidade.

Na rua percebeu que o motorista tinha parado o carro em um estacionamento ao lado do consultório. Disse ao motorista: – Pode pagar porque eu não tenho dinheiro. – Também não tenho.

Disse ao responsável pelo estacionamento: – Vou ao meu escritório e já lhe mando o dinheiro ao no máximo até amanhã cedo. – Não posso liberar o veículo.

Senhor H voltou ao consultório contou o que estava acontecido e o oftalmologista lhe emprestou a quantia para pagar o estacionamento.

No outro dia, como combinado, o banqueiro determinou a um de seus empregados que fosse ao consultório fazer o pagamento, anotando em um papel: Pagar a consulta e o dinheiro que me foi emprestado.

O empregado cumpriu a ordem.

Quase duas décadas se passaram.

No final de 2010, o oftalmologista fez uma noite de pizza em sua casa convidando vários amigos, entre os quais o ex-banqueiro.

Ao chegar à residência percebeu que várias pessoas amigas estavam na sala vendo um quadro, que era bem novo, e ele pensou que se tratava de uma aquisição de obra de arte, mas todos estavam rindo.

Ele foi ver o quadro quando o oftalmologista disse: – Estou contando e provando aos nossos amigos que já emprestei dinheiro até para banqueiro, você. Todos riram e a pizza rolou.

Mais um causo verdadeiro, e posso dizer, vida de rico é outra coisa.

Até breve a todos.

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