Em minha visita ao Espírito Santo aproveitei para entrevistar o Sr. José Lino Sepulcri, presidente do Sistema Fecomércio-ES/Sesc-Senac, do Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios para Veículos do Estado do Espírito Santo (Sinvespes); diretor financeiro da CNC e foi eleito presidente do SEBRAE por 2 mandatos.
Como ele mesmo se intitula, interiorano de Itaguacú (terra de Nara Leão), chegou a Vitória aos 18 anos e começou a trabalhar no comércio de automóveis. E durante mais de 30 anos aprendeu o beabá; como gosta de contar. Hoje após passar por muitas presidências em diversas instituições ele está à frente da maior entidade comercial do país.
Um homem simples e de palavras claras, simplesmente contagia pela alegria que expressa e na fé que tem em Deus.
A Câmara Empresarial do Turismo acabara de ser criada quando desta entrevista, e esta foi a pauta escolhida por mim.
MP– O que é a Câmara Empresarial do Turismo? O que ela representa para o ES?
José Lino Sepulcri – A Câmara Empresarial do Turismo é um projeto nacional recém-criada que agrega hoje 53 entidades no nível de estado nos trechos de turismo do ES. Temos os pilares que tem hoje em torno de 13, que naturalmente foi criada pela Fecomércio, porque é a entidade mãe do sistema de turismo do ES e do Brasil. O turismo no ES tem um potencial elevadíssimo, e, ainda não foi totalmente explorado, ainda está engatinhando em termo de estrutura. Temos eventos que está batendo a nossa porta e com certeza a criação foi para alinhar as melhorias do que se tem.
MP– Qual a ótica que o senhor vê o turismo no ES como um todo?
JLS – A uma década atrás tínhamos dificuldade na administração publicas com nossos governantes, que culminou numa séries de ações jurídicas. Que nos envergonhou numa gestão altamente comprometida produzindo matérias a nível nacional. Paulo Hartung quando assumiu o governo fez uma gestão justamente o inverso, um modelo que obteve o índice de aprovação com mais de 78%. E teve um pulsar mais elevado quando o ex-deputado Marcus Vicente assumiu a Secretaria de Turismo, que fez um belo trabalho e outro nome referencia em termos de gestão o senhor João Felício Scárdua. A partir deste período caminhamos muito no turismo. O SEBRAE com um trabalho no agroturismo, no interior da região serrana. Hoje com 1h na estrada você tem muitas opções de turismo em balneários, com 40 min você está em outro clima, um potencial extraordinário. Mas ainda precisa infraestrutura por isso foi criada a Câmara Empresarial do Turismo. Temos dificuldades? Temos… porque o que acontece não é somente um privilégio do ES, nós temos alguns pilares que dá sustentação ao turismo, que ele puxa pra lá, eu puxo pra cá, outro puxa pro outro lado, esse barco via em frente? Não vai… o que eu prego é a unidade. Se você não conseguir andar de braços dados, ou de pelo menos de mãos dadas… E depois andarmos juntos… não vai pra frente, porque é só interesse de cada um e não tem jeito. Não adianta eu ficar falando de números ou coisa e tal, que não são reais. O princípio do comércio é igual.
MP – O turismo de negócios ainda é o mais procurado no ES, como as entidades envolvidas no turismo e a Fecomércio pretende mudar isso? O ES pretende ter representatividade no turismo de lazer como outros estados: Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, Alagoas e outros?
JLS – Eu vejo com bons olhos este questionamento. O que tem de ser feito é proporcionar ao visitante de negócios, que é de segunda a quinta, infraestruturas como: planejamento, segurança e oportunidades com promoções em campanhas de promoção com cia aéreas para que ele traga a família e amigos para vir passar um final de semana conhecendo as belezas do ES. Criando uma dinâmica de motivação com as entidades fortes envolvidas neste processo. E posso adiantar que já demos o primeiro passo, o ano passado esteve em nosso porto 21 navios, e, já estamos viabilizando um projeto na Cruz do Papa para uma área de desembarque maior. Eu acredito que o difícil é fazer o fácil… Temos um inimigo que é o nosso aeroporto e estamos lutando para que possamos mudar este contexto. Estamos sem força política no senado e no governo, sem representatividade, a situação é delicada e cabe a sociedade e entidades se articularem e fazerem o trabalho de formiguinha. Creio que se todos tiverem humildade de sentarem numa mesma mesa e nos direcionarmos pelo mesmo rumo, nós temos muito que contribuir para o estado do ES. É um estado que tem uma potencialidade muito grande, perto dos grandes centros, e o que tem a fazer é criar uma logística par que essa pessoa que nos visita voltem outras vezes e divulguem nossa cidade.
MP – Sabemos que os estados brasileiros estão numa grande corrida para se prepararem para a Copa 2014. Qual importância da Câmara Empresarial de Turismo para esta corrida?
JLS – Importantíssima, tudo na vida tem de haver um comando, uma liderança. Para isso que foi criada e por ser recente, temos algumas dificuldades. Quando criamos uma Câmara Empresarial ela é regida por estatuto, as vezes este estatuto é bom para mim que criei, as vezes você que é do convention bureau acha que tem de ser mudada esta vírgula, daí o outro do turismo da montanha quer mudar outro item. Então temos de fazer o que? Sentar e alinhavarmos os objetivos e criar um planejamento de ação em conjunto. Eu tenho certeza que se nós do ES criarmos uma estrutura e pleitear dentro das nossas entidades e pelo fato da Fecomércio ser o guarda chuva que congrega tudo isso, quando eu for fazer uma reinvindicação ao governo e nós entrarmos em cinquenta lá dentro do palácio vai ter muito mais força de você ir você, ou o outro, ou mesmo eu ir sozinho.
MP – Falando agora a nível Brasil como um todo. Ele consegue se preparar par receber os turistas até 2014?
JLS – Veja bem, está muito bem escrito no papel. Olha o projeto do trem bala que vai de SP ao RJ, um projeto de bilhões de reais que se criou uma licitação e nem a iniciativa privada pleiteou proposta. É o grande desafio para o país. Em termos político mundial o país atingiu um patamar que o presidente Lula dentro daquela desenvoltura dele, ele criou uma expectativa muito grande, de uma hora para outra o Brasil tornou-se país de “primeiro mundo” que ele está ainda somente no papel. Com a entrada da presidente Dilma eu entendo que ela é menos folclórica, mais pé no chão, na realidade. Penso que chegou o momento de nós assumirmos a responsabilidade, cada estado dentro de suas limitações e estabelecer projetos. Se conseguirmos realizar pelo menos 80 ou 70% do está programado com certeza teremos sucesso. É um momento impar em que o Brasil poderá mostrar a sua cara ao mundo, pois nós somos um povo com alegria contagiante e sonhador. E, infeliz das pessoas que não tem sonhos, o ser humano deve viver de sonhos.
Terminada a entrevista ficamos conversando sobre religião, amor ao próximo, perdão e sobre a visita do Papa João Paulo II quando veio ao Brasil e ele teve a oportunidade de recebê-lo em Vitória-ES.
Agradeço a oportunidade de conhecer este ser humano completo que é o Sr. José Lino Sepulcri, ao Secretário de Turismo de Vitória-ES, Antonio Bispo, e ao jornalista Fabrício Faustini