Viajar é uma empreitada que proporciona, em regra, bons e alegres momentos, por isso, é muito bom viajar e também lembrar os causos que se sucedem nas viagens.
Na minha família e também com os amigos mais próximos temos uma brincadeira, a de todos levantarem uma das mãos quando alguém conta algo que parece uma invenção, ou seja, uma mentira. Quando a invenção ou mentira é das bravas, levantamos as duas mãos, e até teve um amigo, em determinada oportunidade, que subiu em uma cadeira, com as duas mãos para cima, para demonstrar o grau da mentira.
Digo isto para permitir a quem quiser levantar a mão para os causos que vou contar, mas juro que todos são verdadeiros. Todos aconteceram.
No início de meu livro Paris, toujours, Paris!, disse que de fato uma viagem tem início antes de realmente viajarmos. Os dias que antecedem, pela ansiedade e arrumação das malas, e depois na rodoviária ou no aeroporto, quando esperamos o momento certo de entrarmos no ônibus ou aeronave, enquanto mantemos contatos ou simplesmente observamos as pessoas que irão viajar conosco, sem esquecer que também estamos sendo observados.
Já contei que em certa viagem havia no saguão do aeroporto um homem de mais ou menos uns 60 anos que trajava um terno de linho, bem cortado e de cor creme, mas, um detalhe me intrigou, não usava camisa, os pelos brancos apareciam e se postavam além do paletó. Você aí. Não levante a mão não, porque é verdade…
Nesta mesma oportunidade lembro-me de três ou quatro homens de ternos pretos, com celulares bem visíveis e com as caras bravas, e, na hora da chamada para o embarque, tentaram furar a fila, mas tiveram que obedecer e viajaram na classe econômica, como a maioria das pessoas.
Esta pode ser difícil de acreditar, mas eu tenho uma fotografia para provar. Só preciso achar.
Próximo ao hotel que me hospedo quando vou a Paris, que fica na rue des Bernardins, perto da Catedral de Notre Dame, há uma boulangerie, que fica na rue Monge, que se chama Kaiser, onde se serve um dos melhores café com leite e pão com manteiga. Ao lado na calçada, já vi em mais de uma oportunidade que estive lá, um mendigo, um homem gordo, de chapéu e de roupa escura. Fica sentado no chão ou em pé, e pede ajuda com um cartaz, como é comum.
Mas, o interessante é que determinado dia percebi que ele possuía um aparelho de telefone celular e estava utilizando. Já disse não levantem as mãos, é verdade.
Isso é que e mendigo. Mendigo classe alta.
Agora, neste momento em que escrevo, estou em Fort Wayne, uma cidade no interior do Estado de Indiana, nos Estados Unidos, me preparando para sair. Já fiz minha caminhada matinal e corri um pouco no Shoaf Park.
Antes de aqui chegarmos estávamos em New York e na rua percebi um homem de terno verde e amarelo, e não era só. Tanto a calça como o paletó tinham como estampa vários quadrados, alguns amarelos e outros verdes, e ainda alguns brancos.
Parecia a Bandeira do Brasil caminhante.
Também vi uma jovem caminhando descalça, e estava bem vestida. Não levava os sapatos nas mãos, deveria estar na bolsa.
Agora vamos para o cocô do sapo americano e sua continuação, que até este momento não havia contado a nenhuma pessoa.
Estávamos em uma cidade próxima, chamada Lagrange, na casa de amigos. Casa típica americana, casa grande, três andares, um grande basement (porão para se alojar quando ocorrem tornados ou outras tempestades) dois lagos e um grande playground, para os três filhos do casal.
Alguns estavam na sacada, da parte dos fundos da casa, outros com as crianças que brincavam na grama, quando minha filha do meio, que estava ao meu lado, começou a gritar e me mostrou o braço direito, e, de imediato pensei que um marimbondo a havia picado, mas vi uma bolinha de massa branca, e ela disse “o sapo fez cocô em mim”. Foi uma risada só. Como pode um sapo fazer cocô no braço de alguém? Qual a probabilidade de isso acontecer?
É verdade. No parapeito havia um sapinho branco de uns cinco centímetros. Ele pulou de uma madeira para outra, quando fez o cocô no braço da minha filha. Pode isso?
Ela saiu correndo para lavar o braço e o sapinho permaneceu imóvel na madeira e mereceu até fotografia.
Voltando a minha caminhada, hoje de manhã houve a continuação do cocô.
Andei poucos minutos até o parque e, antes de iniciar a caminhada e a corrida costumo me alongar. Parei perto de um portão que impede o acesso de veículos e iniciei o alongamento. Apoiei as mãos em um mourão para esticar as pernas e senti algo um tanto mole, mas ao invés de tirar a mão, não, apertei mais. Quando olhei, era cocô de passarinho.
Com a mão fedida tive que procurar um lugar para lavá-la e só depois pude iniciar a caminhada.
Por fim, vi um casal no shopping, segunda-feira, por volta de 15 horas, o homem, mais ou menos uns 30 anos, de calça de brim branco e paletó branco, com gravata azul, não me lembro cor da camisa. A moça, também jovem, toda de preto. Estava meio esquisito para o dia e local, mas eles não estavam nada preocupados com isso.
Na estrada para Chicago, em uma loja de conveniências, vi um homem de calça vermelha inteirinha estampada de pimentas amarelas, verdes e pretas. Parecia uma calça de brim ou flanela. Era uma maravilha!
Por fim, curiosidades. Pelo menos no Estado de Indiana, nos carros não se fixam a placa dianteira, motociclista ou motoqueiro não precisam usar capacete e o uso de celular enquanto se dirige não é proibido.
E isso aí! Boa quinzena a todos.
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