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OS SONS E OS SONS

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                   Quando eu era criança, em alguns dias, não gostava do meu nome, porque termina em “son”, e o motivo é que eu relacionava com o som da televisão. Talvez relacionava porque o som não devia ser bom.

                   Não me recordo da marca do aparelho, mas era daqueles que tinha um seletor de canal que a gente virava e o som era “trec, trec, trec” e ia do 1 ao 12, e eu pensava, não pode haver canal com o número maior.

                   Lembro também que lá, na grande Taubaté, o sinal da TV Tupi e da TV Excelsior só chegava depois do almoço, exatamente quando eu estava em aula no Colégio Diocesano, mas quando retornava, por volta de 17 horas, o programa era assistir televisão.

                   Bem, o som sempre me intrigou e com o tempo percebi que o do meu nome não se confunde com o som da televisão.

                   O som é um fenômeno acústico que consiste na propagação de ondas sonoras produzidas por um corpo que vibra em um material elástico, principalmente no ar.

                   Este fenômeno nos cria uma sensação auditiva, que consiste em ouvir os mais variados sons, produzidos pelas pessoas, pelos animais, pelos movimentos, com muitos produtores e nas mais variadas formas.

                   Mas vamos lá!

                   Percebam que muitas palavras na boca de muita gente apresentam um som diferente, ou mesmo muda de som com o decorrer do tempo.

                   É certo que por problemas físicos ou orgânicos muitos não conseguem pronunciar as palavras de acordo com o que a maioria pronuncia, mas outros sem muita explicação emitem um som diferente do que a maioria produz, o que não significa que estejam errados.

                   As palavras e seus sons são produção humana, logo admitem todas as variações possíveis, aliás, como é percebido nos diversos idiomas.

                   Com a triste catástrofe que assolou o Japão passamos a ouvir novamente sobre a cidade de Chernobyl localizada no norte da Ucrânia e que em 26 de abril de 1986 sofreu as graves conseqüências de um acidente nuclear.

                   Naquela época os apresentadores de programas de notícia diziam “Chernobyl”, entretanto, agora em 2011 muitos estão pronunciando “Chernóbil”, isto é, o som mudou, ficou grave para a penúltima sílaba.

                   A explicação que já ouvi é que lá a pronuncia é “Chernóbyl”. Mas no Brasil, devemos pronunciar como se estivéssemos na Ucrânia ou aqui, jogando a silaba forte para a última?

                   A partir daí lembrei-me de outras mudanças na sonorização, não importando o motivo.

                   Também há mais de 15 anos um apresentador de programa de notícias pronunciava o nome do político Orestes Quércia, como “Orestes Qércia”. Durante algum tempo assim foi a pronúncia, mas depois o apresentador passou a dizer  “Quércia”. Seria a falta do trema que já não existe? Estava correto? Não importa aqui.

                   Enquanto a população falava de um modo o apresentador falava de outro, e “Qércia não pegou”.

                   Todos conhecem o apresentador Silvio Santos e também já perceberam como ela pronuncia os nomes que terminam em “son”. Olha eu aqui de novo com minha implicância infantil.

                   O Seu Silvio não fala Edson ele fala “Edsan”, pode prestar atenção. Terminou com “son” ele pronuncia “san”.

                   E assim vai.

                   Tenho um amigo que como o apresentador se implica com o “son”, mas ele substitui por “ao”.

                   Um de seus filhos se chama Ewerton, mas ele insiste em dizer “Ewertão”. Garçon ele muda para garção, que embora correto, não é nosso hábito dizer no restaurante: “Garção a conta por favor.”

                   As palavras com seus sons estão por aí flutuando e entrando em nossos ouvidos. Às vezes escutamos como todos, às vezes escutamos com um som diferente, que pode ser a maneira como foi pronunciada ou o nosso ouvido que tem um receptor diferente.

                   Prestemos atenção como falamos e vamos descobrir se também nós não alteramos alguns sons.

                   Me lembro agora de uma palavra que cheguei a pronunciar só para mim.

                   Voltando a grande Taubaté, me lembro que por diversas vezes eu via uma senhora passar na minha rua carregando uma lata de óleo ou de manteiga sobre a cabeça, que era protegida por um pano branco. Logo conclui que o conteúdo era água.

                   A lata era verde e apresentava um desenho com a palavra “saúde”, que eu na minha infância e ignorância lia “saude”, e a palavra me intrigava porque não sabia seu significado. Se não sabia nem ler, como ia saber o significado?

                   Em determinado dia sorri, e satisfeito li “saúde”. Lembro-me direitinho deste momento, quando me encontrava no portão de minha casa e a senhora passou.

                   Por fim, já terminado este texto, ouvi em uma estação de rádio, programa esportivo, o locutor falar sobre o tenista suiço Roger Federer. Sempre ouvi “ Federér”, mas ele pronunciou “Féderer”. Não sei dizer qual a pronúncia correta, mas sempre se disse no Brasil, “Federér”.

                   Por hoje é isso minha gente, ou “minha chente”, ou ainda “minha zente”, por um locutor que dizia “ oi zeeente”.

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