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DESCOBRINDO SÃO PAULO

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Por Miriam Petrone

Quem passa pelo centro de São Paulo não imagina que por trás de seus prédios antigos, museus, viadutos e praças temos verdadeiros tesouros escondidos. A cultura, história e riquezas são mostradas para quem tem paciência e gosta de desvendar o que a cidade tem de diferente, para quem não se contenta apenas em olhar o externo e quer conhecer algo mais. E para estes, São Paulo se mostra descortinado, aberto e visível aos olhos.

Um desses lugares é a Estação Júlio Prestes, antiga Sorocabana, inaugurada em 1872. Após um pedido do regente da Orquestra Sinfônica de São Paulo John Neschling, o Gov. Mario Covas decidiu restaurar o local e converteu onde antes havia um jardim, na Sala São Paulo de concerto. Mas, o detalhe fica para a arquitetura, o patrimônio cultural e a riqueza histórica, nas paredes do lado externo nos detalhes, que são tantos, vale a pena sentar num banco e com paciência observar e admirar com carinho e atenção.

Caminhando mais um pouco entramos na Rua Santa Ifigênia, o paraíso dos eletrônicos, mas não é sobre eles que falarei. Ande mais um pouco e chegue ao início da Rua na Igreja Santa Ifigênia (ou seja, Paróquia Nossa Senhora da Conceição). Acredite, ela já funcionou como Catedral de São Paulo, quando a Catedral da Sé foi derrubada para dar lugar a então obra atual. O estilo arquitetônico da igreja tem um caráter neo-românico com detalhes neogóticos, inspirado em igrejas medievais do norte da Europa. O interior foi ricamente decorado com pinturasvitraispúlpitos e um órgão monumental. Tem pinturas de autoria de Henri Bernard (c. 1923),  Benedito CalixtoCarlos Oswald, entre outros. Com as rosáceas e os janelões estão decorados com vitrais trazidos de Veneza. Contemplar já é um colírio aos olhos.

Após este passeio inusitado atravessar para o Largo São Bento é inevitável não passar pelo Viaduto Santa Ifigênia. Mas, quem tiver tempo e disposição e gostar de história vale a dica de descer as escadas que dá acesso ao Vale do Anhangabaú e observar as estruturas do viaduto que demoraram quase 3 anos para serem montadas numa estrutura que mede 225 metros de comprimento toda em metal vindas da Bélgica e a mais perfeita mão-de-obra especializada para a época o que tornou a obra uma das mais caras e obrigou o governo a pedir empréstimo de 750 mil libras esterlinas junto ao governo da Inglaterra.   Seus gradis são um testemunho da belle époque, com destaque para o estilo art nouveau. Sem dúvida é um olhar que poucos paulistas e paulistanos que ali passam se preocupam em prestar atenção. Apenas alguns amantes da arte e poucos olhos mais atentos podem se dar a este deleite.

Poderia ficar aqui enumerando lugares e tornaria cansativo este artigo. Citarei apenas mais uma curiosa passagem pela Avenida São Luiz, outro ícone que abriga o tradicional Edifício Itália que já foi considerado o prédio mais alto de São Paulo com 160 metros de altura, hoje é o segundo mais alto, próximo do Edifício Copan, o prédio tem a maior estrutura de concreto armado do país, com 115 metros de altura, repartidos em 32 andares e 120 mil m² de área construída. É dividido em seis blocos, com um total de 1.160 apartamentos de dimensões variadas, numa estimativa de 5 mil residentes e mais 70 estabelecimentos comerciais.

Mas, se você está cansado e quer se refrescar um pouco vá até a Rua Aurora, 100 e visite um ícone de São Paulo que dá muito orgulho a todos nós paulistas e paulistanos Sr. Luís Oliveira, o garçom mais velho em atividade num mesmo lugar no mundo, e é daqui do Brasil. Ele tem 94 anos e desde 1960 trabalha no Bar Léo.

Quando eu chego lá ele me recebe com um bom sanduiche de carne crua preparada por ele e um copo de chope bem tirado, com um colarinho de 2 dedos, da maneira correta de tirar. Fico lá observando ele trabalhar durante horas a fio e não me canso de olhar aquelas mãos calejadas, aquele rosto sempre com um sorriso estampado, parece um menino entre uma conversa ou outra com clientes, que conhece pelo nome, fiel torcedor do Palmeiras, já serviu clientes ilustres como: Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek, e outros.

O Bar Léo é sinônimo de tradição, que fez o local se tornar referência para encontros de artistas, intelectuais, políticos e todo tipo de clientela pela qualidade de seu atendimento, pelos petiscos e pela excelência do chope. Eu e meu marido somos frequentadores há mais de 30 anos. Mas, sem dúvida o patrimônio vivo do local é o Sr. Luís, o “Luisinho” como é conhecido.

Afinal, descobrir São Paulo requer um pouco de paciência e muita vontade de conhecer o novo, ops… digo, o antigo!

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