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CAUSOS DA MARIA

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Conheço a Maria há longo tempo e se trata de uma moça bonita, elegante, sábia, educada, mas com fisionomia um tanto emburrada (dizem que parece com o pai), mesmo gostando de fazer brincadeiras com as pessoas, e também aceitar brincadeiras.

Sei alguns causos de sua vida porque ela me contou, outros por pessoas envolvidas e outros porque um dos personagens me contou.

Vamos começar lá no passado.

Maria tem um nome composto e ela não se dava conta disto. Na escola fundamental a professora começou a fazer a chamada e Maria não respondeu porque não ouviu seu nome.

A professora disse o nome por inteiro: prenome composto e mais três nomes (sobrenomes ou nomes de família), aí ela se deu conta que era ela e respondeu a chamada- “Presente”.

Retornando para casa procurou seu pai e disse: “Pai, não quero chamar Maria”. O Pai respondeu: “Minha filha, Maria é o nome da mãe de Jesus, é um nome lindo, você vai gostar dele.” Ela que já demonstrava seu lado religioso aceitou, não de imediato. Hoje, algumas pessoas lhe chamam de Maria, e ela gosta.

Já adulta ela fez uma comigo, em razão da nossa proximidade.

Eu quando morava no interior fazia academia à noite. Todas as vezes que eu saía do clube percebia que os limpadores do para-brisa de meu carro estavam levantados. Não desconfiava dela.

Uma noite ao aproximar-se do meu carro vi que dentro havia um guarda-chuva aberto. É isso mesmo.

Maria viu meu carro, foi até minha casa, conseguiu com alguém meu guarda-chuva e uma chave do meu carro, e pôs dentro o objeto.

Era demais, a ficha caiu: “É coisa da Maria”.

Soube que certa vez ela, o marido, e os pais dela estavam em Nuremberg, na Alemanha. Do alto de seu quarto de hotel e ela percebeu seus pais na calçada, em frente ao hotel. O que ela fez?

Despejou um copo de água para baixo. Os pais olharam para cima e nada entenderam, até que ela apareceu na janela dando gargalhadas.

Mas às vezes, ela se perde com seu jeito de ser. Um tanto “light”.

Seu marido, Chef, que participa de inúmeros concursos internacionais, estava na Suíça, ela o havia embarcado fazia uma semana. Ela resolveu fazer uma surpresa e decidiu ir encontra-lo.

Preparou-se, comprou passagem e fez as malas. O pai dela a levou ao aeroporto.

No “check in” entregou passagem e passaporte.

Disse a moça: “A senhora tem outro passaporte?”

Ela respondeu: “Não, por quê?” – “Este está vencido”.

Teve que adiar o voo por alguns dias e pagar multa para a companhia aérea. (Ao que me lembro já contei esta história em crônica anterior, mas vale repetir).

A mais nova que soube estes dias é quanto à sua renovação de Visto para os Estados Unidos.

Na verdade compareceu para retificar seu nome que foi impresso no Visto, de forma errada. Também, prenome composto, nome da mãe, dois nomes do pai e por fim o nome do marido. Tem que ter erro.

Com pouco dinheiro na bolsa, hábito seu, teve que pagar fotocópias, preenchimento de formulários, etc.

Quando foi buscar o carro no estacionamento não tinha dinheiro, apenas três notas de U$ 1,00. Vendeu na rua os três dólares por seis reais e pagou o estacionamento.

Depois de uns dias recebeu o passaporte de volta, sem qualquer alteração, mantendo o mesmo erro. Se fosse algum serviço público do Brasil falaríamos: “Só no Brasil mesmo”. Mas não foi.

Ela retornou ao Consulado, explicou tudo de novo, mostrou, preencheu formulários e deixou tudo lá. Um dia antes de embarcar recebeu uma mensagem: “Visto pronto, corrigido”.

Ufa! Lá foi ela e o marido para New York.

É assim a Maria.

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