Depois de dedicar muitos anos de trabalho e dedicação para assessorar pequenas e medias empresas, especialmente organizações espanholas e portuguesas que querem iniciar atividades no Brasil, quero cumprir com minha responsabilidade ética e moral, e realizar algumas reflexões gerais sobre o assunto de internacionalização de empresas europeias que querem iniciar atividades no Brasil.
A crise internacional que assola o mundo industrializado, especialmente o mercado europeu, faz com que muitos empresários vejam no inicio de atividades no Brasil, uma possível saída para equilibrar o balanço comercial e patrimonial dos seus respectivos negócios.
Como escrevi em um recente artigo para este meio, um dos aspectos preponderantes para determinar a nova ordem econômica mundial, é simplesmente o fator da confiança.
Entre outros aspectos macro econômicos e extremamente complexos que justificam a nova posição que o Brasil ocupa no cenário internacional, é de um mercado pujante, que ocupa a sexta posição no cenário internacional das economias mais importantes do planeta, cerca de 200.000.000 de consumidores internos, e uma série de aspectos que favorecem a economia do país.
Todas as vezes que a Divisão de Negócios Internacionais da empresa que dirijo realiza contatos com empresas que solicitam nossa ajuda para iniciar atividades no Brasil, observamos, quase que de maneira generalizada, um profundo desconhecimento sobre as ameaças e oportunidades de realizar negócios com o nosso país.
Temos insistido em comentar que o mercado empresarial brasileiro é bastante maduro, possivelmente dada a influencia de grandes grupos internacionais que estão presentes no país. O Brasil mantem relações internacionais com praticamente todos os países que compõem a Organização Mundial do Comercio; fazendo com que esta troca permanente de experiência torne o tecido empresarial brasileiro bastante flexível para adaptar a estrutura de suas empresas às características de cada mercado e cada segmento mercadológico.
Em entrevista concedida ao Programa LOGCOMEX, da TV ABCD, no passado dia 22.03.2013, procurei destacar a importância de que a primeira preocupação que um grupo internacional deve ter, quando quer iniciar atividades com o Brasil, é assessorar-se com uma organização que conhece os entraves e a grande burocracia brasileira.
Outro passo fundamental é definir em que área geográfica do Brasil a empresa quer iniciar suas atividades; tenho insistido em demonstrar ao mercado a riqueza dos aspectos territoriais do Brasil com os seus 9.000.000 de km2 e uma riqueza regional importante.
O papel de uma empresa de consultoria em processos de internacionalização deve ser sempre, fazer da cultura da empresa internacional que quer iniciar atividades no Brasil sua própria cultura, como forma de oferecer um diagnostico correto das oportunidades e das ameaças para a realização do processo de internacionalização.
Temos tido oportunidade de conviver com situações muito criticas e até certo ponto tristes nesta matéria. Organizações europeias que atraídas pelo tamanho do mercado brasileiro, que ignoram a complexidade de instalar-se em um pais de dimensões continentais, e que investem tempo, dinheiro, prestigio e energia, de maneira inadequada.
Existem muitas Verdades e muitas mentiras sobre as organizações de consultoria especializadas em assessorar a instalação de empresas europeias no Brasil. Algumas empresas dispõem de enorme capacidade instalada em seus países de origem, porém, desconhecem a realidade do dia a dia do Brasil, tornando os processos de consultoria oferecidos aos seus clientes europeus em uma fonte inesgotável de apresentação de faturas de prestação de serviços, sem que o verdadeiro objetivo, que é o inicio de operações, se realize no tempo e forma esperados.
Pensamos que sem lugar a duvidas o Brasil oferece um leque de muitas oportunidades para a instalação de novos negócios no pais; porém é necessário não ignorar que o país dispõe de um desenvolvimento sustentável na ultima década e que a concorrência na maioria dos segmentos é bastante férrea. Efetivamente as empresas que queiram instalar operações no Brasil devem estar convencidas de poder competir em um mercado cada vez mais maduro…
Como regra geral, a melhor forma de iniciar atividades no Brasil, é encontrar um sócio local no qual apoiar seu projeto de internacionalização.
Roberto Lacerda Oliva é economista e especializado em processos de Internacionalização de empresas e nos setores de Logística e Transportes de mercadorias. Reside na Espanha desde o ano 1991, dispõe da dupla nacionalidade brasileira e espanhola e dirige a empresa PRESS LOG; www.presslog.com.br com presença no Brasil, Espanha e Portugal.