em operações de Vendas, Fusões e Aquisições de Logística e Transportes
Roberto Oliva*, diretor e consultor desses setores há mais de 20 anos, comenta a situação econômica favorável do país
Um dos aspectos positivos do amadurecimento pessoal é fazer parte da história e poder viver, em primeira pessoa, os processos que caracterizam os ciclos econômicos. A possibilidade de poder compartilhar experiências com a comunidade empresarial é um verdadeiro prazer e uma obrigação ética.
Recordo, com bastante rigor de detalhes, quando, no ano 1973, meu tio avô Sr. José Carneiro de Gusmão Lacerda, presidente das empresas OTT – Organização Total de Transportes Glória S.A e Humaitá Transportes Urgentes (e fundador da ANTC – Associação Nacional dos Transportes de Cargas) me explicou o acordo que havia alcançado com o empresário gaúcho, Sr. Talito Endler e seus sócios para proceder a venda da OTT para a Transportadora Pampa S.A.
O acordo comercial assinado entre as empresas OTT e TRANSPAMPA consistiu em uma verdadeira fusão empresarial dando origem a um novo grupo empresarial do setor de transportes de cargas itinerantes, denominado, GRUPO PAMPA-OTT.
Interesse Internacional – Em pouco tempo, a nova organização – que pouco a pouco foi assumindo sua nova marca empresarial, TRANSPAMPA – passou a ser uma das empresas lideres no cenário do transporte rodoviário de cargas no Brasil, atraindo o interesse do grupo internacional australiano TNT LTD, que decidiu adquirir, inicialmente o controle de 75% do capital deste novo grupo empresarial brasileiro, para, em menos de três anos, consolidar seu total controle acionário. Essa era a primeira grande operação que o GRUPO TNT LTD realizava fora de suas fronteiras tradicionais, que eram os mercados Europeu e da Austral-Ásia.
Ao iniciar suas atividades no Brasil, o Grupo TNT encontrou-se com uma organização que operava em praticamente todo território brasileiro, que oferecia um serviço de relativa qualidade, contava com uma carteira bastante consolidada de clientes dentro dos mais diversos segmentos da atividade econômica e com grande capacidade instalada para seguir crescendo e gerando um importante retorno do investimento aos acionistas instalados de Sidnei, Austrália. Nessa primeira etapa de sua presença no Brasil, o grupo atuou no setor dos transportes de cargas, entre os anos de 1973 e 1995, quando decidiu vender a organização TNT BRASIL, como parte integrante de um processo de redefinição estratégica do Grupo TNT – nesta oportunidade já comandado pelo Correio Holandês.
Investindo hoje – Passadas três décadas daquela magnifica experiência empresarial, e conservando a mesma ilusão que tinha quando adolescente, atualmente vejo com bastante nitidez, que o ciclo econômico volta a ser favorável para o Brasil, existindo um grande número de empresas internacionais – especialmente Europeias e Norte Americanas – que neste momento estudam a realização de investimentos nos setores de logística e de transportes do país.
As projeções dos principais organismos internacionais, tanto as mais conservadoras como as mais pessimistas, demonstram que o Brasil será uma das cinco maiores potências econômicas do mundo, dentro de um período máximo de uma ou duas décadas. Ultimamente, alguns renomados economistas internacionais se arriscam a afirmar que, já no ano 2016, o Brasil será a sexta maior potência econômica mundial em termos de PIB.
O Brasil é um país que soube aplicar as denominadas medidas anticíclicas, o que permitiu que o país enfrentasse a enorme crise internacional econômica das últimas décadas, com menos problemas que os verificados nos maiores países do mundo. O estabelecimento de relações comerciais com quase todos os países que integram a Organização Mundial do Comercio é um dos aspectos que explicam a posição de vantagem econômica que o Brasil vai conseguindo manter nos últimos anos.
No novo cenário econômico mundial, o Brasil oferece grandes oportunidades para a realização de operações de Compras, Vendas, Fusões, Alianças Estratégicas e Acordos de Colaboração entre empresas que atuam nos setores de logística e transportes em todas as suas modalidades.
Não existe, e dificilmente existirá, um melhor momento econômico que o atual para que as empresas de Logística e de Transportes definam o objetivo estratégico e tático do seu negócio. Adotando assim, iniciativas que permitam a globalização de suas organizações.
Atualmente, o Brasil dispõe de uma legislação relativamente moderna e aberta que favorece o grande interesse dos grupos internacionais em seguir investindo no país. Estou seguro que novas medidas serão adotadas para simplificar os processos da internacionalização da economia brasileira.
No ano de 1991 tive a oportunidade de iniciar uma carreira internacional, fixando minha residência na Espanha, e pude viver o desenvolvimento das atividades dos setores de Logística e Transportes neste velho continente. Estou convencido que os principais fenômenos que vivemos nos últimos 15 anos na Europa, serão experimentados pelos setores de L&T no Brasil, sendo eles a concentração de empresas mediante um importante número de operações de Compras e Fusões, a crescente necessidade de contar com empresas especializadas em atender determinados nichos de mercado, o aumento permanente da competitividade entre as empresas, com a expulsão do mercado daquelas empresas que não dispõem de capacidade para atuar e dar respostas às exigências dos mercados e a busca de processos de melhora contínua, fundamentalmente em cumprimento de qualidade e regularidade de serviços, preços adequados a oferta dos serviços dados, tecnologia a serviço da integração total com o cliente e produtividade.
Eu vivi diretamente a realização de grandes eventos internacionais, como a organização das Olimpíadas de Barcelona e a Exposição Universal de Sevilla – ambas em 92 – a Exposição Internacional de Lisboa e uma série de outros eventos que favoreceram a modernização das infraestruturas da Espanha e de Portugal, e a necessidade de lograr um processo bastante acelerado de realização de obras públicas.
Hoje, diversos grupos internacionais pretendem realizar operações de compras de empresas dos setores de Logística e dos Transportes no mercado brasileiro com o objetivo de atrair e manter clientes, equilibrar os resultados financeiros globais de suas corporações e participar na oferta que o mercado interno oferece. O Brasil, sem nenhuma duvida, é uma das grandes potencias mundiais e atravessa um momento de grande projeção internacional. Este é o momento em que as empresas que atuam no mercado global da Logística e dos Transportes tomem suas posições para participar do denominado Clube dos Operadores Logísticos Integradores.
Adaptações Necessárias – Os investimentos que o Brasil necessita realizar para a adaptação acelerada do seu parque de infraestruturas, para suportar o crescimento econômico atual e previsto tais como: construção e ampliação de portos e aeroportos, estradas e auto estradas, a melhora e ampliação do sistema de transporte ferroviário, a melhora contínua dos fluxos de mercadorias com outros países e dos Processos da alfandega, e por fim a ampliação da rede hoteleira, vão favorecer o incremento das atividades dos setores.
O clima de paz social e econômica reinantes no Brasil é outro dos fatores que convidam os grupos internacionais a realizarem um permanente processo de reflexão para melhorar suas posições competitivas. Um grande número de Compras e Fusões de empresas acontecerá no Brasil, pois o país se despertou a este processo e já não há mais volta.
Tive a oportunidade de viver este intenso e apaixonante processo que se instalou no Brasil, nas décadas de 70, 80 e 90, como foi, por exemplo, a criação do Grupo PAMPA-OTT e posteriormente a entrada do Grupo TNT no Brasil. Ao mesmo tempo tive a oportunidade de viver intensamente o desenvolvimento dos negócios dos setores da logística e dos transportes na Europa.
O momento atual gera um grande número de oportunidades para o desenvolvimento de operações de Compras, Vendas, Fusões, Alianças Estratégicas e Acordos Operativos nos setores de logística e dos transportes em suas variadas modalidades. Esta é uma grande oportunidade que os empresários do setor não deveriam deixar passar em vão.
*Roberto Oliva tem nacionalidade brasileira e espanhola. Trabalhou durante duas décadas nas organizações brasileiras OTT e TNT BRASIL. Está na Espanha desde 91 e até o ano 2003 ocupou várias posições de direção na TNT Espanha – sendo fundador e Diretor Geral da TNT LOGISTICS ESPANHA. Teve oportunidade de assessorar grupos internacionais como Geodis Logistcs e Khune & Nagel. Atualmente ocupa é Diretor Associado da GAULLAR M&A, (www.gaullar.com), o Diretor Geral da empresa Press Log Comunicação em Logística e Trasportes (www.presslog.com.br) e Consultor em Estratégia Comercial para a área de Operaçoes Logísticas do importante grupo internacional Rhenus Logistcs, (www.rhenus.com). Oliva também é diretor de estratégia de mercado da empresa de merchandsing www.dpuntos.com.