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Aproveitemos esta oportunidade de ouro para dignificar algumas profissões no Brasil

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O Brasil vive um momento econômico bastante favorável, principalmente quando comparamos com a realidade internacional.

Possivelmente fruto das acertadas decisões anticíclicas, que começaram a ser adotadas nas últimas décadas, nosso país caminha firme em sua consolidação como uma grande potência econômica. Entretanto é importante que consigamos observar o mesmo cuidado em avançar, pelo menos proporcionalmente, para acabar com os profundos desequilíbrios de nossa sociedade.

Uma das reivindicações que quero propor é a dignificação de certas profissões; como levo toda uma vida trabalhando na área de Prestação de Serviços, com dedicação aos setores de logística e do transporte de cargas, utilizarei tais setores como paradigmas do que proponho.

Esse processo deve fazer parte integrante das classes social, política, empresarial e econômica. Dignificar significa DAR DIGNIDADE e o tratamento que oferecemos quando nos referimos a algumas profissões, é extremamente incoerente.

Vejamos alguns exemplos.

Num mundo cada vez mais preocupado com o meio ambiente, seguir denominando LIXEIRO aos profissionais que recolhem detritos tanto residenciais como industriais, é, no meu modo de entender, uma falácia. Esta profissão, tão importante para o presente e para o futuro da humanidade, poderia, por exemplo, ter o reconhecimento de recolhedor de resíduos…

Em minha área especificamente, ainda constato, com profunda tristeza, que alguns dirigentes ousam tratar aos profissionais que manipulam, classificam, realizam operações de carga e descarga de mercadorias, como peão de armazém. Esse tratamento não condiz com a realidade do século XXI. Esses profissionais, base elementar do êxito das organizações de Logística e de Transportes, poderiam, por exemplo, receber o titulo profissional de Classificadores de Mercadorias, ou algo parecido.

Quando realizamos essa reflexão, com toda certeza podemos observar que reorientar a forma como nos dirigimos à determinadas profissões, deve fazer parte integrante do câmbio de atitude e de mentalidade, para lograr nosso crescimento sustentável.

Não é simplesmente uma questão de semântica… É uma questão de comportamento cívico.

Depois de 22 anos vivendo na Europa, posso afirmar, que muitos profissionais, extremamente capacitados para o exercício de profissões como as que menciono nos exemplos que utilizo acima, buscaram, desesperadamente, uma migração para outra atividade, em busca do respeito social do qual todo ser humano almeja alcançar.

Como conseqüência desta situação, passamos a dispor de inúmeros postos de trabalho, que durante o prolongado auge da econômica européia estavam disponíveis durante longo espaço de tempo: “Eu já não quero ser peão de armazém” escutei de maneira sucessiva nos últimos 10 anos. Procurarei atuar como corretor de imóveis; ou outra profissão igualmente digna, foram casos e casos que fui constatando no processo de observação constante que procuro realizar sobre a atitude e o comportamento dos meus semelhantes.

Em muitos casos a sociedade viu-se desprovida de profissionais muito bem preparados, que deixaram espaço no mercado para outros profissionais que rapidamente passavam a ter o mesmo comportamento. Por esse motivo, proponho que dignifiquemos todas as profissões, e isso deve ser iniciado com a busca de um tratamento para o posto de trabalho, que dignifique a pessoa e a profissão.

O Brasil deve aprender dos erros dos países que neste momento vivem um período econômico desfavorável.

Começo a observar que o fenômeno que comento neste artigo, que não tem outra pretensão do que realizar uma reflexão geral sobre a situação, já intensificada no país.

Algumas empresas dispõem de enormes dificuldades para encontrar profissionais dispostos, por exemplo, para realizar algumas operações básicas nos armazéns das empresas de logística e de transportes. A conseqüência é o aumento do denominado ‘custo Brasil’.

Vejo com preocupação a existência de milhares de postos de trabalho que profissionais, em alguns casos, de ambos os sexos, não querem ocupar.

Logicamente todos os seres humanos devemos dispor da necessária ambição profissional para experimentar um crescimento horizontal e vertical nas organizações para as quais trabalhamos. Porém, o que destaco é que precisamos refletir no sentido de constatar até que ponto estamos acelerando demasiadamente o passo.

Em minha constante aproximação e diálogo com o meio universitário, com o mercado objetivo de minha atuação pessoal e profissional e com o contato com o mercado; fonte inesgotável de oportunidades, penso que podemos aproveitar o ciclo favorável de nossa economia para dignificar determinadas profissões, como forma de atrair e manter a geração constante de novas oportunidades de desenvolvimento profissional.

Roberto Lacerda Oliva é economista, foi o Diretor das Divisões de Transportes Urgentes da TNT BRASIL, ocupou a Direção Geral da TNT LOGISTICS para Espanha e Portugal e assessora diversas empresas na área de logística, de transportes e de prestação de serviços. Roberto é atualmente o Diretor Geral da www.presslog.com.br; mantém residências em Barcelona e em São Paulo e é colaborador habitual deste portal.

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